quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Dei-te a boca.
Dei-te a boca.
Antes de tudo, desdenhei de teus saberes,
porque sabia o que era de tuas saias,
dobras, vincos,
que teu cheiro éra forte,
sexual, vaginoso.
Te vi já de começo,
te vi já me vendo,
de soslaio,
prá me provocar,
de roupa, ainda,
serpenteado as esquinas,
fazendo-me louco.
Dobravas as ruas,
de mãos aos cabelos,
vaidosa,
cheirosa,
fina, finíssima.
Já, comigo, tonta,
debruçavas,
e,
já debruçada,
cheiravas o meu calor,
agarravas meu sexo com sofreguidão,
com tesão.
Tua boca sêca,
dura tua teta,
durinha,
empinadinha,
ah, tua bundinha...
Chegávamos molhados,
esbagaçados,
tremendo de espasmos,
dedos pelos lados,
lados para os dedos,
corpo a corpo...
Tua voz sumia,
rouca,
de olhos,
de meios-olhos,
ardendo,
sedenta de sexo,
cabelos desarrumados,
estávas para tudo,
querias tudo.
E era o que tinhas,
porque tinhas o que pedia,
voce mesma,
eu mesmo,
nesse quarto meio-escuro,
aquele cheiro lá das entranhas...
Lembra quando deitei-te ?
E, dei-te,
minha boca,
sedenta e louca,
sugando tua vulva,
mordiscando teus lábios,
ora lá de baixo,
ora embaixo de teu nariz.
Teu vinagre me lambusou,
tua bunda se empinou,
teu corpo balançou,
e, eu disse: me vou,
e,
fui,
louco e feroz,
fui teu algoz,
embrenhando matas de pelos,
atravessando teu mar.
Fiz as ondas voltarem,
até teus poros suarem,
quando já inspirastes,
e no final,
ah, no final...,
inspirastes.
Mas, antes, levantantes,
tesa, magistral, linda,
te montastes em mim,
de mão fincadas em mim,
desesperada,
até te deitares silenciosa,
descendo teu corpo sobre o meu,
falavas: és meu.
Aí,
me fiz o bobo,
adorei,
e,
também eu silenciei.
Teobaldo Mesquita
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