Na opinião de alguns biólogos, o sexo só atrapalha. Os animais que se
valem dele para procriar gastam uma parcela enorme do seu tempo à
procura da cara-metade, em vez de se dedicar a atividades mais úteis. E
ainda correm o perigo de acabar na barriga de um predador. Bem mais
espertos seriam, por esse raciocínio, os seres assexuados, como as
bactérias e alguns bichos do mar, que se reproduzem por clonagem. Um
pedaço da esponja-mãe se separa e vira uma esponja-filha, e assim por
diante.
A maioria dos cientistas, no entanto, vê o sexo como uma
ferramenta essencial para a sobrevivência das espécies. Ele garante que
cada indivíduo seja ao menos um pouquinho diferente dos seus pais,
irmãos e primos, pois cada encontro sexual gera uma combinação genética
única. A diferença conta, sobretudo, quando algo ameaça a comunidade
inteira. Uma praga, por exemplo. Os assexuados, todos iguaizinhos, são
dizimados, pois seus genes estão despreparados para resistir ao ataque.
Entre os seres gerados pelo sexo, é mais provável que alguns indivíduos
sobrevivam e tenham descendentes, graças à diversidade genética.
Não
é à toa que 95% dos seres vivos se reproduzem sexualmente, ou seja,
pela fusão entre um óvulo e um espermatozóide. Os 5% restantes são
espécies muito primitivas. Sem o menor charme de sedução. Sem sexo, não
existiriam baleias, borboletas, orquídeas, cegonhas. Nem você.
No
caso dos seres humanos, o sexo apresenta ainda algumas vantagens extras.
Só o Homo sapiens – além de uma espécie de macacos, os bonobos –
é capaz de fazer sexo em qualquer dia do ano, enquanto os demais
mamíferos se acasalam apenas nas épocas de cio. Só ele mantém relações
sexuais por puro prazer. O sexo, para o bicho homem, tornou-se um fim em
si mesmo, sem uma ligação obrigatória com a geração de filhos. Isso
acontece porque o bem-estar que resulta do encontro sexual entre o homem
e a mulher – o orgasmo – é uma experiência incrivelmente gostosa. As
esponjas nem desconfiam.
Por Igor Fuser
Da revista Super Interessante
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