Pisando em vermes. Uma vida e seu continuar....
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Um sopro
Um sonho
uma fabrica de fumaças
um útero suportante
um dezembro
um natal
uma chuva
um batizado
um velho dizendo vai, serás grande
Um engano
Uma falha
Um acaso
Um não saber
Um pequeno amor
Uma mocidade
Um trauma delicioso
E sem folga uma tênue folga
Um presente
Uma luta
Um desbravamento
Um assentamento de ah, de óh
Um lindo e puro amor
Um deslize
Uma falta
Uma carne fraca e franca
Um eu te amo e uma despedida
Um portão de testemunha
Uma verdade inservível
Mas a geniosa loucura teimou
E vieram crianças
E um falso comodismo
Uma gritaria difusa
Uma algazarra perdoável
Um desfazimento
Um novo, louco e chagoso amor
Um fim prometido sem fim
E uma doença sem medico
Um encontro de muitos
Muitos de mim
E a promessa de um novo fim
Um Senhor da verdade
Uma acomodação sensata
Um sonho insonhável
Um prato vazio
E vós que pisais este chão desgraçado por vós mesmos
A gritar pelas esquinas das igrejas
A alvoroçar os insensatos
De mim sem esquecer
Vossas hostes são o nojo dos altares
Vosso vômito é de morte demorada
Vossa moral nasceu morta
De mim sem esquecer
Vossas falsidades já vos marcaram
Vosso ventre é falido
Vossas línguas serão engolidas
De mim sem esquecer
E o vosso pensar não existe
E se vós não existis os céus se alegram
Desfalecem os vossos calcanhares
Caminhares o caminhais sem andar, sem parar
De agua benta verão a podridão
Mas de mim sem esquecer
Vermes de praga
Veneno não há que vos dê conta
Vossa conta não assentei
De vossas vidas apiedo-me
De longe, agraciado de graças
Sem que esqueçais vós de mim
Mas de mim nada tereis
Quando de mim, nada jamais tirareis.
Vermes.
Teobaldo Mesquita
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